O conceito de Segurança Psicológica é a crença de que alguém não será punido ou humilhado por cometer erros, partilhar as suas ideias e/ou preocupações, fazer perguntas ou discordar da sua chefia. Mais ainda, existe uma perceção de que as opiniões de todos importam e contribuem para o desenvolvimento da organização.
No contexto das empresas, este conceito tem vindo a assumir um papel preponderante, uma vez que a segurança psicológica contribui para um ambiente de trabalho produtivo e sustentável em que as pessoas se sentem confortáveis em participar ativamente nos processos de tomada de decisão e de inovação. Por esta razão, um ambiente psicologicamente seguro no trabalho está associado a maior aprendizagem, compromisso, desempenho, engagement, criatividade e felicidade. A investigação tem ainda verificado que os contextos com baixos níveis de Segurança Psicológica apresentam maior turnover e maior risco de burnout.
O que caracteriza um contexto psicologicamente seguro?
A ideia de segurança psicológica no trabalho surgiu nos anos 50, tendo sido definida enquanto conceito nos anos 90 por Amy Edmondson, professora da Harvard Business School. Desde então, têm sido realizados diversos estudos empíricos sobre o tema que assumiu um destaque particular para explicar o sucesso organizacional.
A Segurança Psicológica não é uma necessidade exclusivamente individual, mas uma qualidade inerente ao grupo/equipa, que molda o comportamento de aprendizagem e cria espaços de compreensão e crescimento.
Um contexto de trabalho psicologicamente seguro proporciona aos colaboradores a possibilidade de se demonstrarem vulneráveis e serem honestos na relação com os outros, nomeadamente com as suas lideranças. Os colaboradores percecionam que se trata de um espaço seguro para falar sobre as falhas, sem receio do julgamento e penalização. De realçar que não se trata de uma promoção ou incentivo ao erro, mas sim a aceitação do mesmo no processo de melhoria contínua. Neste sentido, a evidência empírica aponta que a segurança psicológica potencia a resiliência e bem-estar emocional dos colaboradores, permitindo que todos possam atingir o seu potencial máximo.
O conceito de segurança psicológica tem sido aplicado por muitos líderes e gestores, tendo impacto no modo como gerem as suas equipas e desenvolvem a sua liderança.
Qual o papel dos líderes na promoção da segurança psicológica?
As lideranças desempenham um papel crucial na cultura organizacional e na forma como os elementos da equipa se relacionam, comunicam e se sentem no trabalho. Através das suas próprias ações, os líderes podem demonstrar como lidar com o outro e resolver conflitos de maneira construtiva. Concomitantemente, devem dar suporte e recursos para que os membros da equipa possam desenvolver relacionamentos positivos e saudáveis.
Além disso, os líderes devem estar atentos às necessidades e preocupações da equipa. Devem estar abertos a receber feedback, disponíveis para ouvir as preocupações dos colaboradores e preparados para agir quando necessário de forma a resolver problemas e melhorar o ambiente de trabalho. Nesta linha, as lideranças devem promover espaços de escuta ativa que permitam aos colaboradores sentirem acolhimento nas suas participações, no processo da construção de soluções, estratégias e mudança.
Assim, ao agirem enquanto exemplos vivos da cultura de segurança psicológica, inspiram e encorajam os membros da equipa a fazer o mesmo.
Como podemos criar e promover a segurança psicológica nas empresas?
Existem algumas ações que contribuem para uma maior Segurança Psicológica nas empresas:
- Realização de Workshops dirigidos às lideranças no âmbito deste conceito, com enfoque na sua aplicabilidade prática;
- Criação de canais de comunicação em que os colaboradores podem expressar as suas preocupações, partilhar ideias, fazer perguntas e receber e dar feedback (ex. one-to-one com as seus chefias);
- Realização de reuniões informais, sem a presença de superiores hierárquicos, em que os colaboradores discutem e partilham experiências, resolvendo conflitos de uma forma construtiva;
- Formação sobre competências interpessoais e sociais aos colaboradores, em temáticas como: comunicação assertiva, resolução de conflitos, inteligência emocional ou soft skills;
- Inclusão dos colaboradores no processo de avaliação de desempenho;
- Realização de team buildings focalizados no fortalecimento da relação de confiança entre colegas e com lideranças;
- Promoção de um work-life-balance e uma conciliação trabalho-família, o que demonstra um cuidado relativamente ao bem-estar geral dos colaboradores;
- Sensibilização para uma cultura organizacional com base no respeito e inclusão, em que todos os colaboradores se sentem valorizados independentemente da sua identidade, origem ou opinião;
- Estabelecimento de políticas e procedimentos claros para lidar com situações de discriminação, assédio ou outros conflitos interpessoais nas equipas.
Criar e promover segurança psicológica exige um compromisso de todos os membros de uma empresa. Ao potenciar a confiança, respeito e transparência, as lideranças contribuem para a criação de equipas mais colaborativas, resilientes e preparadas para lidar com os desafios da organização.