Um estudo realizado pela The Workforce Institute UK com 3,4 mil pessoas em dez países revelou que as atitudes dos líderes das empresas impactam 69% a saúde mental dos colaboradores. Este impacto é superior ao impacto que um terapeuta ou médico têm e é equiparável apenas ao impacto que o companheiro de vida tem na sua saúde mental.
Os líderes e chefias de uma empresa são as pessoas a quem os trabalhadores recorrem e estão na linha da frente da experiência dos colaboradores, portanto, fundamentais no apoio à saúde psicológica e segurança no local de trabalho. Contudo, só poderão desempenhar este papel eficazmente, se a sua própria saúde mental estiver preservada.
Ser Líder não é sinónimo de estar SEMPRE bem
Frequentemente o líder é percebido como alguém que possui determinadas características – inteligência, motivação, dinamismo – tipicamente associadas a um perfil forte e implicitamente saudável mentalmente. Além disso, o líder é percebido como estando numa posição hierárquica superior e por isso, terá acesso a recursos sociais e organizacionais, como um maior controlo sobre o seu trabalho e flexibilidade que são fatores importantes para a saúde mental no trabalho.
A verdade é que independentemente do cargo e posição que ocupam na organização, os líderes não deixam de ser colaboradores da empresa e fazem parte das equipas que lideram, estando expostos aos mesmos riscos psicossociais e à mesma cultura organizacional que os restantes colaboradores.
Além disso, a complexidade cognitiva das suas funções e tomada de decisão, as emoções negativas (insatisfação, descontentamento, sentimento de injustiça) dos colaboradores que lhes são dirigidas, o isolamento social e solitude dos cargos de topo, a responsabilidade que têm sobre a saúde e segurança dos trabalhadores, sustentam o valor que é necessário atribuir à saúde mental dos que ocupam esta posição de responsabilidade.
“A liderança não é menos suscetível às dificuldades e desafios que afetam a organização.” Ethan Karp, CEO e presidente do Grupo MAGNET
Ser Líder é aprender a estar bem, primeiro por si e depois pelo outro
A investigação mostra que os líderes atualmente enfrentam níveis mais elevados de burnout e problemas de saúde mental do que nunca. Os desafios da liderança sempre foram elevados, no entanto, conhecido o impacto que têm nas equipas, é essencial os líderes e organizações garantirem que estão a fazer tudo o que podem para dar o seu melhor e terem um impacto mais positivo nos outros. Para isso é importante olhar para o líder como um colaborador, cuja saúde mental deve ser protegida e promovida pela organização.
Estratégias para promover a Saúde Mental das Lideranças:
- Privilegiar o autocuidado: práticas de autocuidado, tais como exercício físico, sono descansado, alimentação saudável, participação em atividades que proporcionem bem-estar e relaxamento, fazer pausas durante o dia de trabalho e estabelecer limites é crucial para manter o bem-estar mental.
- Criar rede de apoio: procurar ativamente o apoio de mentores, colegas com funções semelhantes ou de superiores (no caso de chefias intermédias) que possam fornecer orientação e um espaço seguro para discutir desafios e preocupações.
- Aplicar técnicas de Mindfulness: praticar meditação, exercícios de respiração profunda ou a escrita de um diário, podem proporcionar momentos de calma e clareza no meio das exigências da liderança.
- Promover o worklife balance: devem ser um modelo de integração saudável entre a vida profissional e pessoal, promovendo horários flexíveis, tempo livre e uma cultura que valorize tanto o bem-estar como a produtividade.
- Praticar a auto-compaixão: oferecer a si próprio compaixão e encorajamento em vez de autocrítica, cria um diálogo interior de apoio que alimenta a saúde mental em geral.
- Procurar apoio profissional: procurar um profissional como, por exemplo, um psicólogo pode oferecer-lhe um espaço seguro para discutir as suas preocupações, ganhar clareza e desenvolver estratégias eficazes para ultrapassar desafios.
Um líder que se preocupa e cuida da sua mental não está a demonstrar sinais de fraqueza, mas sim, um exemplo de responsabilidade e compromisso consigo próprio, com aqueles que lidera e com a organização. Uma liderança que priorize a saúde mental está mais apta a tomar decisões ponderadas, a lidar com desafios de forma mais resiliente e a inspirar a sua equipa. Promover uma cultura em que o autocuidado é valorizado e a saúde mental protegida, é não só um investimento com retorno garantido, como contribuiu para lideranças consistentes e ambientes de trabalho mais positivos.