Em honra de uma das mais importantes efemérides da História contemporânea de Portugal, este ano, celebram-se os 50 anos da Revolução dos Cravos.
De entre as muitas conquistas sociais e individuais que este evento aportou ao país, a liberdade de expressão foi a que de forma mais transversal impactou o rumo do mesmo. Não por ser um fim em si mesma, mas porque permite mudança através do diálogo, no sentido do que é melhor para a comunidade.
Ora, a comunicação aberta e segura é um pilar fundamental para uma organização saudável.
O Poder da Comunicação nas Organizações
Muitos têm sido os esforços para perceber como abordagens e estilos de comunicação democráticos podem melhorar a performance dos trabalhadores e como torná-las eficientes estratégias de retenção de talentos. Com uma população cada vez mais qualificada, integrada num mercado de trabalho global e livre, é sabido que a qualidade do ambiente organizacional é a chave para manter equipas estáveis, motivadas e produtivas.
Abril trouxe-nos mais literacia e com ela mais liberdade de pensamento. O trabalho passou de uma obrigação acrítica, a um importante contributo para a realização pessoal e para o sentido de vida. Desta forma, as feedback conversations são instrumentos pertinentes que mantêm o colaborador alinhado com o objetivo da empresa, enquanto reconhecem valor ao esforço do seu trabalho. Estas ferramentas de engagment organizacional são tanto mais úteis quanto mais próximas do comportamento a assinalar, podendo atentar a positive feedback, como a construtive feedback.
Positive Feedback
Embora possamos ser tentados a alertar mais ao que corre menos bem, as conversas de positive feedback têm vindo a revelar-se poderosas estratégias de motivação, com especial atenção para as que sublinham work progress. Além de valorizado, o colaborador percebe que a sua liderança se mantém atenta e diligente às suas necessidades e à sua capacidade de superar desafios.
Construtive Feedback
Mesmo que mais frequentes, as conversas de construtive feedback devem ser alvo de especial cuidado. O objetivo desta ferramenta deve ser alertar para comportamentos pouco eficientes, sem agredir as características pessoais do colaborador. É, sobretudo, uma oportunidade de reflexão conjunta para identificar falhas e expectativas para o futuro, clarificando objetivos de forma aberta e segura. Quando bem planeadas, possibilitam ao colaborador uma evolução sustentada das suas capacidades e uma maior perceção de pertença.
Stay Conversations
A liberdade possibilita mudanças, que, mais do que nunca, são ágeis e permanentes no meio organizacional. A disrupção de padrões de conduta tem um potencial evolutivo igual ao destrutivo, mediante a forma como forem comunicadas as mudanças. As stay conversations podem tornar-se um simples, mas muito eficaz, recurso de retenção de talento e ajustamento à mudança. Elucidando o colaborador acerca das suas valências para a instituição e da sua perceção acerca delas, esta estratégia de comunicação é um mecanismo de construção de confiança e estabilidade no valor pessoal do trabalhador. Mediante um retorno à sua zona de conforto, as stay conversations têm demonstrado eficácia em reduzir a necessidade de procura por outras oportunidades profissionais como estratégia para mitigar a ambiguidade causada pela mudança. Ao sentir-se valorizado e alinhado com os novos objetivos organizacionais, o colaborador volta a um estado de comprometimento assente nas capacidades empáticas da sua liderança.
Exit Interviews
Uma vez que as mudanças, mesmo que dolorosas, podem sempre converter-se em oportunidades de evolução. As exit interviews são exemplo disso mesmo. Reter talento deve ser um objetivo, mas deixá-los partir é um ato de grande responsabilidade, quer para a imagem da empresa, quer para o que ela revela acerca do funcionamento da organização. A liberdade de escolha de um colaborador não deve ser encarada de forma litigiosa, senão uma oportunidade de insight acerca dos motivos que podem levar à rotatividade de trabalhadores. Para que tal tenha o efeito construtivo pretendido, importa que o entrevistador seja capaz de estabelecer uma relação de confiança, que possibilite uma partilha rica e honesta, preferencialmente isenta de relações de hierarquia. Além disso, a preparação deste momento deve ser cuidadosa, para que se façam perguntas pertinentes, quer acerca do motivo da saída, quer acerca do que o mercado pode estar a oferecer de inovador, sem esquecer a visão pessoal acerca de que práticas poderiam ser implementadas para evitar perdas futuras. Finalmente, é fundamental que estas conversas sejam consequentes e possam converter-se em programas sustentados de mudança, orientados para a coesão da equipa.
Dia 25 de abril de 1974 é um símbolo de liberdade, porque dali em diante se abriu espaço a oportunidades de fazer diferente. Abril tornou-nos permeáveis à possibilidade, aportando dinamismo e inovação às pessoas e às empresas. Percebemos que pessoas motivadas se traduzem em produtividade, mas que as pessoas se deixam motivar por projetos em que acreditam e por pessoas que os sabem transmitir. Sabemos que pessoas motivadas, são pessoas saudáveis, que constroem organizações sãs. Honrar abril é continuar a alimentar a expressão livre de ideias, necessidades e emoções nas organizações.